boa noite, solidão!

Boa noite, solidão!

Já me aguardavas no meu leito

Para acompanhar-me na noite?

Do que devemos falar,

De devaneios, sonhos, ou paixão?

Boa noite, solidão!

Amiga incerta e vã...

Acaricia-me as lágrimas e se deleita em meu divã.

Queres desabafar, rir, chorar,

Aconselhar-me ou calar-me?

Boa noite, solidão!

Queira ao menos me ouvir agora,

Já que vieste de fora, para deitar-se comigo!

Seja de certo meu ombro amigo

Ouça minhas palavras, distinta senhora!

Algo maltrata meu peito

Flores denominadas amor!

O que fazer nesta hora, em que tudo se torna distante

E o que mais me parece constante és tu, solidão?

Leva consigo meu peito

E este amor que nem mesmo sei direito

Se posso chama-lo de amor!

E agora, de tristeza, fechei meus olhos

Boa noite, solidão!



Débora Santos





todos os direitos reservados

sexta-feira, 19 de junho de 2009

De sabiá e menino pobre...



eu estava molhando os pés no lago


já era noitinha...

ouvi um sabiá recitar poesia

eu queria ficar por lá...

a noite foi chegando

impondo estrelas e majestade!

convidou uma lua pra festa

e um poeta pra cantar a seresta!



ouvi um menino chegar


ele arrastava um chinelo velho


e o sabia de peito amarelo

sabia do esmero da poesia e das historias que trazia

o chinelo do menino...

historias de melodias tristes

de lágrimas e desatinos...

de menino sem colo de mãe,

e de mãe sem beijo de filhinho...

então sabia murmurou umas notas afinadas

e deixou escapar sua alma de passarinho

e foi chorar la no cantinho com pena do menininho

eu estava na beira do lago molhando os pés

eu vi os sabiá chorar

eu vi os pés do menino...


sabiá chora cantando

e menino pobre lamenta sonhando...


Débora Santos...
(homenagem ao meu filho Joao Victor)