boa noite, solidão!

Boa noite, solidão!

Já me aguardavas no meu leito

Para acompanhar-me na noite?

Do que devemos falar,

De devaneios, sonhos, ou paixão?

Boa noite, solidão!

Amiga incerta e vã...

Acaricia-me as lágrimas e se deleita em meu divã.

Queres desabafar, rir, chorar,

Aconselhar-me ou calar-me?

Boa noite, solidão!

Queira ao menos me ouvir agora,

Já que vieste de fora, para deitar-se comigo!

Seja de certo meu ombro amigo

Ouça minhas palavras, distinta senhora!

Algo maltrata meu peito

Flores denominadas amor!

O que fazer nesta hora, em que tudo se torna distante

E o que mais me parece constante és tu, solidão?

Leva consigo meu peito

E este amor que nem mesmo sei direito

Se posso chama-lo de amor!

E agora, de tristeza, fechei meus olhos

Boa noite, solidão!



Débora Santos





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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

De verso em flor

Que boa face tens Jedálias
Tens bons olhos sonhadores
Como as dálias
A perfumar os corredores.

Léia, que doce face tens!
Feito as azaleias
A pousar-se a um beija-flor
Tens a doçura e o olor
Que nem a azaleia não tem!

E eu...

Que vivo a sofrer feito um plebeu
Que feliz seria de morrer.
Vivo a contemplar as dálias
A beijar as azaléias!

minhas amadas irmãs
Jedálias e Léia!

Mes de agosto

Ai de mim
Poeta sem sonhos
Que se deixa enganar
Por encantos e seduções
Que não se entende,
Nem se comporta
ao dizer de amor
Ao dizer de ti
Tu que és minha chuva calma
em madrugada fria no mês de agosto!
Beijos e carinhos
A que meu coração disposto
Beija teu ser
Teu saber
Teu desejo
Teu rosto!
E depois...
Ah, sem depois.
Fica mergulhado no pranto e no desgosto.

Morte

Na sala de espera
Espera a Morte.
O ponteiro do Relógio desperta o tempo
A espera da Sorte
A Cirene grita
O grito aturde
A Morte grita alegremente
Escorraçando a Sorte
Que sair a chorar pelo corredor
O enfermeiro empurra a dor
Aplica saúde na veia
Que corre pelo braço da velha
Em casa o Crente ora
Rogando milagre a Vela
E no segundo andar
O Coração pulsa em busca da Sorte
A pele da lugar ao corte
Que estampa a ferida de Morte
O ponteiro do Relógio enganou o Tempo
A Morte caçoou da Sorte
O Tempo correu do Medico
O Medico culpou a Morte
A Morte devorou a Vida
Atrevidamente.

Inverno

Dormem as flores
Murcham as cores
Restam-me apenas dores
Chove o vento
Inverno sonolento...
Meu leito me chama
Aqueço-me com um manto
Molhado do meu pranto
Que chora tanto tanto
Apaziguando a solidão

Eu grito em silencio
Com meus olhos vidrados de boêmio
Sem tino...
Ouço soluços suaves
Singelos sinos
mil sinos tocando ao meu redor
E uma voz de pássaro
Entoada pelo vento
Frio, frigido, inibido, lento
A me cortar os lábios que dizem mudos
Que não me resta nada
Alem do meu olhar terno
E o soberbo frio do inverno!