boa noite, solidão!

Boa noite, solidão!

Já me aguardavas no meu leito

Para acompanhar-me na noite?

Do que devemos falar,

De devaneios, sonhos, ou paixão?

Boa noite, solidão!

Amiga incerta e vã...

Acaricia-me as lágrimas e se deleita em meu divã.

Queres desabafar, rir, chorar,

Aconselhar-me ou calar-me?

Boa noite, solidão!

Queira ao menos me ouvir agora,

Já que vieste de fora, para deitar-se comigo!

Seja de certo meu ombro amigo

Ouça minhas palavras, distinta senhora!

Algo maltrata meu peito

Flores denominadas amor!

O que fazer nesta hora, em que tudo se torna distante

E o que mais me parece constante és tu, solidão?

Leva consigo meu peito

E este amor que nem mesmo sei direito

Se posso chama-lo de amor!

E agora, de tristeza, fechei meus olhos

Boa noite, solidão!



Débora Santos





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domingo, 28 de novembro de 2010

Cor De Rosa



Um perfume de Rosa
Ainda coloria o vento
Minha Rosa preferida
Estava deveras ferida
Naquele jardim de dor e lamento

Caminhei em meio as flores
No jardim de Rosa
Busquei o que me fazia feliz
Corri os olhos na face de Assis
Na mesma face formosa.
Com lembranças de anis!

Vaidosa roseira, envaidecida ao "Léo"
Ai, doce Rosa preferida...
Semeou tanta vida
E agora fora perfumar o céu!


(à doce mãezinha cor de Rosa)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O GRITO DA COPA DO MUNDO

Pedi ao mundo um pouco de silencio!
Apenas um segundo...
Calem a boca da copa do mundo!
Eu sou pobre, mas não imundo!
Estou imerso e tao profundo!
Tenho nos olhos o negro e a solidão do mundo!
E com o nó preso na goela
Ou empunho a vuvuzela!
Fiquem em silencio
Somente um segundo!
Meu Brasil joga bola...
Mas não sorri pra quem faz trova!
Diga mãe gentil
Tu sorris pra pés sapecas...
Mas serias maternal também com os poetas?
Canto em versos o canto do mundo!
E aboli dos meus pés os grilhões
Junto com mais 190 milhões!
Mas nobre mãe
Se tristes voltarem os atletas
Venha deleitar-se nos braços deste poeta!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

CINCO MINUTOS DE POESIA


SE EU DESFRUTEI DE CINCO MINUTOS DE POESIA
EM TANTOS ANOS QUE VIVI
AINDA NÃO SOUBE DIZER A TI
O QUE SENTI VONTADE DE DIZER...
SE NADA CONQUISTEI, NEM TEM AGRADO MARINA
É PORQUE NÃO SABES DIFERIR
DO MEU BEM, OU DO MEU MAL
POIS SE AS VEZES SOU MUITO DOCE
N'OUTRAS AINDA ME FALTA SAL!
SE MUITO VIVI CINCO MINUTOS DE POESIA
AINDA ME EMOCIONO AO DESLIZAR OS OLHOS
NAS PALAVRAS DO POETA
QUEM DERA PODER DESCREVER COMO ELE
AS MILHARES DE GAROTAS QUE CRUZAM IPANEMA
MAS NENHUMA COMO A TUA
COM O MESMO BALANÇAR...
COM O MESMO DOURAR...
COM O MESMO POEMA
''DA-ME SENHOR, CINCO MINUTOS DE POESIA
DRAMÁTICA, LÍRICA OU ÉPICA,
PARA QUE EU POSSA DIZER DE MARINA...''
PARA QUE EU CORRA NA PRAIA EM NOITE DE NEBLINA
E ME AFOGUE EM TEUS BEIJOS
-LIBERTINA, CRUEL!
DA-ME CINCO MINUTOS DE POESIA
PARA QUE EU DEGUSTE DE UMA BOCA E BEBA SEU MEL
QUERO SABER ONDE MORAS O QUE FAZES
PORQUE TE VEJO APENAS NOS BARES
NAS MADRUGADAS AO LÉU...
COM TEU OLHAR VIAJANTE
DE ALGUÉM QUE POR ALGUM INSTANTE
NESTA TERRA JAMAIS OUSOU ESTAR
COM UM OLHAR QUE VAGUEIA
SEM NADA OBSERVAR
COMO SE HOUVESSE SEMPRE UMA MUSICA NO AR...
AH! SE EU FOSSE AO MENOS POETA
VIVERIA BOÉMIO AO LADO DE STENIO
FALANDO DA VIDA ALHEIA
E COMPONDO A CADA COPO UM VERSO DE AMOR
DESCREVERIA TUA POSTURA MARINA...
TEU NARIZINHO EMPINADO
TEUS OLHOS DE VESPA
TEUS CABELOS DOURADOS!
CLAMAREI AOS POETAS!
TODOS!
OS QUE ESTÃO AQUI E TAMBÉM OS QUE SE FORAM!
PARA QUE JUNTOS ESCREVAMOS A VIDA DE MARINA
E QUE ME ENSINEM A DIZER TUDO
O QUE AGRADE AQUELA DOCE MENINA!
E EM CINCO MINUTOS EU LHE TOME O CORAÇÃO!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

À Maria

Aquela perversa, a Maria
Entardecendo meu dia
Indo embora dizia
Adeus e eu não respondia
Pensou então que era rebeldia
Mas não era, não era Maria...
Era um amor que em meu peito ardia
Toda vez que em teu rastro eu ia
Chorando por ela, a maldita sorria
Repousar em teu seio era o que eu queria
Mas ela, malvada Maria
Pena de mim não nutria
Que eu era vagabundo ela sabia
Mas de tudo isso desconhecia
Que somente por ela meu olhar padecia
E eu escondido do teu olhar, eu morria
Um pedaço de mim, indo embora, ia, ia...
Ai, nobre Maria
Eu juro que ficaria
Em teu peito de nostalgia
Mil noites, mil dias...
Sei que este poema não a convenceria
De que meu lamento não é covardia
Mas da minha poesia ela não entendia
E de mim novamente diria:
'Tu és ilusão e poesia'
Pois meu sofrer veio a ser melodia
Amo-te ainda Maria!
Mas estou a partir Maria
E se amor isto não fosse Maria
Nem sequer um verso eu rimaria!
E este poema foi somente por ti, por ti Maria!

SO NO CIRCO

Cadê o palhaço
Palhaço que roubou minha graça?

Cadê o palhaço
Palhaço que deixou-me em desgraça?

Cadê o palhaço
que me deixou só neste circo?

Cadê o palhaço
que fez-me notar que eu não era mais criança?

Cadê o palhaço
que disse uma anedota que não entendi

Cadê o palhaço
que juntou-me quando eu precisa me dividir?

Cadê o palhaço
que pintou de vermelho o meu nariz?

Cadê o palhaço?
que foi embora e me deixou com a piada ao meio?

Cadê o palhaço?
que roubou meu coração e partiu em dois meu seio?

Cadê o palhaço?
que me deixou só neste circo?

DE BORBOLETAS E FLORES

As borboletas, flores que voam!
Pétalas solitárias em busca de que?
Querem um ramo, fingir sem espinhos

Borboletas são flores,
que tem liberdade, mas não tem perfume...

Voam sozinhas, desdenham do vento
Do tormento de não ter carinho dos apaixonados...
não são ideais nas poesias,
O destino dos poetas!
Que sempre as martirizam...

Coitadinhas...
As borboletas só queriam ser flores...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

EU, PALHAÇO...


EU, PALHAÇO SEM GRAÇA
REPETIA VERSOS BOBOS
VESTIA TRAJES INFANTIS
E PINTAVA MEU BEIJO RUBRO
COM UM SORRISO AUSENTE

COM MALABARISMOS RIDÍCULOS
ROUBAVA RISADAS 
SARCÁSTICASEU ENALTECIA MINHA RIDICULEZ
E EXALTAVA A BESTA LUCIDEZ
DE QUE EU ERA MAIS TOLO
QUE AQUELES QUE ME APLAUDIAM

MINHA BRINCADEIRA SEM ORGULHO
PUTRIFICAVA FEITO GORGULHO
DEVOLVIA O DESAPEGO DE NÓS DOIS

PALHAÇO TRISTE, PROVAVA QUE A BELEZA INEXISTE
CAMBALHOTAS IDIOTAS

AS MULHERES SORRIAM
OS HOMENS INSISTIAM

E EU, EU PALHAÇO SEM GRAÇA, CHORAVA
NUM PALCO OFUSCADO
E PRA MULHER MINHA, EU, INDESEJADO...
FEITO RISO ABANDONADO
EU BRINCAVA COM BOLAS
E ELA, DONA DE SI, SENHORA!
RIA DE MIM...

EU EM MEU PALCO BOBÃO...


LEVA!
LEVA DESTE PALHAÇO
A ALMA, O CORAÇÃO...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

DESTA VEZ, UM SAMBA

Ainda não!
Não me chame agora!
Ainda ando tristonho
Ainda não acabei aquele verso
Nem aquele samba!
Ainda não!
Os boêmios, excluiram-me da roda dos bambas
Dizendo que só quero ilusão
E eles, eles não?
Eles é que andam chorando, se acabando, bebendo,
Fingindo alegria...
Aqueles boemios é que andam em meio a arrelias,
Repetindo o verso dos outros!

Eu também sou bamba!
Na roda de samba meu verso é quem manda!

Ainda não!
Não me chame agora!
Justo agora que sussurrei um verso
No ouvido do surdo,
E ele repicou!
Ao choro da cuíca,
A mulata sambou!

E quanto aos boêmios,
Deixem que repitam meus versos!

Ainda não!
Não me chame agora!
Ainda falta o remate, o empate,
O fim deste combate!
Sou poeta, sou boêmio, sou bamba!
Sou verso, sou madrugada, sou samba!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

De pé a porta

Parou de pé a porta, e olhou-me como se nunca houvesse me visto...
Por um segundo, um apenas, senti-me amado por ti com clemencia...
Os teus olhos eram tao bondosos naquele instante, e eram tao infantis...
Eu estava deitado no nosso leito, com meu coração partido,
e um pedaço dele estava em uma das tuas mãos...
Então, pedi que fosses minha amante, nem que fosse somente naquele instante...
Com certa incerteza, titubeou em lançar-se em meus braços.
Insisti sem dizer sequer uma palavra, apenas com meu olhar de mendigo faminto,
que deseja saciar sua fome...
Sim tu eras meu desejo de faminto, seria teu beijo a cura para meu sacrilégio,
um benefício para minha alma vazia...
Tu ainda te mantinha de pé à porta, e apertava uma mão contra a outra, como se isso lhe acalmasse os sentidos.
E teu olhar tinha rosto de lembrança...
Parecia que te recordavas de antigas historias de nós dois...
Então desta vez, e para interromper teu pensamento, pois isto com certeza, a faria se afastar do sabor do meu abraço, desta vez, eu lhe pedi com palavras ofegantes,
que mesmo que fosse somente naquele instante, que se lançasse no meu beijo...
E tu te continhas, feito uma doce virgem, como se teus nunca houvesse provado o beijo de um cavalheiro!
Com aspecto soturno de alguem que estava ao pé de desisitir, voltei meu semblante ao solo, e despedi-me de ti...
Entao tiveste receio de perder-me naquela madrugada promissora, e jogou-se em meus braços, como fera desesperada!
Beijou-me com a voracidade de um faminto diante de um banquete!
Tu devoraste-me o beijo com amor ardente, e por fim amou-me como uma amante sublime e gentil, e fez-me ama-la ainda mais.
Entao desta vez tu, despediu-se de mim, foi-se embora e olhou apenas uma vez para traz, e ofereceu-me uma piscadela...
Ai de mim, que ainda estou aqui, esperando-te de pé a porta...