boa noite, solidão!

Boa noite, solidão!

Já me aguardavas no meu leito

Para acompanhar-me na noite?

Do que devemos falar,

De devaneios, sonhos, ou paixão?

Boa noite, solidão!

Amiga incerta e vã...

Acaricia-me as lágrimas e se deleita em meu divã.

Queres desabafar, rir, chorar,

Aconselhar-me ou calar-me?

Boa noite, solidão!

Queira ao menos me ouvir agora,

Já que vieste de fora, para deitar-se comigo!

Seja de certo meu ombro amigo

Ouça minhas palavras, distinta senhora!

Algo maltrata meu peito

Flores denominadas amor!

O que fazer nesta hora, em que tudo se torna distante

E o que mais me parece constante és tu, solidão?

Leva consigo meu peito

E este amor que nem mesmo sei direito

Se posso chama-lo de amor!

E agora, de tristeza, fechei meus olhos

Boa noite, solidão!



Débora Santos





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terça-feira, 9 de agosto de 2011

mariposa

Feito mariposa
Eu corria atrás do brilho do olhar de raposa
Eu que não era mais poeta
Eu que não era mais esposa
Eu que não era nada
Tentava aos poucos soletrar versos ofegantes!
Eu que tentava lembrar da poesia
Que na adolescência sabia
Encontrei um peito teso, tenso!
Com os olhos cegos para qualquer beleza
Escondia minha tristeza com os dedos da mão.

Poeta Pobre...

Poeta Pobre
Meu peito de poeta é pobre
Pobre peito de poeta, nada tem a dar
Com a face faminta
E o enlace desfeito
Nada tem a honrar
O poeta era inutil
Em sua habilidade futil
De nada sabia, somente falar
Era um belo enganador
Em sua torpe dor, sabia bailar
Pobre poeta pobre
Nobre enganador.
De nada sabia
Somente enganar a dor
Tua lágrima escondia
Mas teu peito doía
Pobre poeta pobre
Nobre enganador
Na roda rica, banal moda
Ele era o pobre poeta pobre
Nobre enganador!
Desafiava as palavras torpes
Ele era só
O poeta pobre
Era apenas o nobre enganador
De amor apenas sabia
O roubador de corações
O pobre poeta das canções
O pobre poeta pobre
Pobre enganador!

Mulher...

Depois daquela tarde que dedilhei tua face
E tu sussurraste em meus ouvidos
E depois que caminhei em tuas curvas
Eu soube o que eras de fato mulher!
O vento ventava e sussurrava palavras torpes
Feito ameaças
Eu já sabia em qual curva gemeria
E ainda assim a queria
Era doce e eu a queria
Era tensa e eu a queria
Era singela e eu a queria
Ela sangrava e ainda assim a queria!
A chuva caia e eu a queria
Enquanto sonhava, de devaneios dizia
E eu, não sei explicar, somente a queria!
O dia veio
E eu a queria!
Teu lábio era manso e eu a queria!
O teu cheiro era doce, e eu a queria!
Enquanto a beijava, teu seio me achava
E eu a queria!
E da menina, mulher lhe fazia!
Eu de nada sabia
Se deveria cubrir-lhe de beijos ou de poesia!
Se o meu olho chorava e o dela sorria!
Uma lagrima correu na minha face e ardia!
Porque? Porque eu a queria?
Ela caminhava bela, jovem e sadia
Eu, desajeitada de nada sabia
Meus cabelos dançavam em tuas costas macias.
Minha mão sobejava os restos da sua carne fria!
E em soluços eu questionava
Sera que ela também me queria?